GP vende controle da Imbra por US$ 1
Fundo da GP perdeu US$ 140 milhões na empresa especializada em tratamentos dentários
fonte: Ricardo Grinbaum - O Estado de S.Paulo
A administradora de recursos GP Investimentos deve anunciar hoje a venda de sua participação na Imbra, empresa de implantes dentários, para o grupo empresarial brasileiro Arbeit.
A venda de 78% das ações da Imbra, que estavam nas mãos da GP, foi realizada pelo valor simbólico de US$ 1. Além disso, a GP ainda concedeu um empréstimo de longo prazo de R$ 20 milhões para a Imbra e se comprometeu a emprestar mais R$ 20 milhões.
Conhecida por comprar participações em empresas, mudar a gestão e depois revender as ações com grandes lucros, a GP sai da Imbra com prejuízo. Desde que iniciou a compra das ações da Imbra, em outubro de 2008, a GP investiu US$ 140 milhões na empresa. Os aportes foram feitos por meio do fundo de investimentos V, que conta com recursos de vários investidores e da própria GP.
Parte desse investimento já havia sido registrado como perda no balanço contábil de 2009. Agora, a GP assume a perda total do investimento. Dos US$ 140 milhões registrados como perdas, 55% (US$ 77 milhões) eram de recursos originários da própria GP. Os outros 45% (US$ 63 milhões) eram de outros cotistas do fundo V.
Profissionalização. Ao comprar a participação na Imbra, há 20 meses, a GP apostou na profissionalização do mercado de tratamentos dentários no Brasil. Especializada em implantes dentários, a Imbra tem 26 clínicas, dois mil funcionários e atua em mais de 15 cidades. A empresa oferece tratamentos dentários no valor médio R$ 5 mil. O tratamento é parcelado em 10 a 15 prestações mensais.
Segundo fontes ligadas ao negócio, a GP tentou adotar sua fórmula de gestão, baseada em meritocracia e corte de custos, mas teve dificuldades em enfrentar um mercado pulverizado e, muitas vezes, informal. A Imbra concorre com milhares de clínicas e dentistas particulares espalhadas pelo Brasil. Nos últimos meses, os resultados oscilaram entre prejuízos e pequenos lucros.
"Esse é um negócio embrionário, o investimento na profissionalização chegou antes da hora", diz um executivo envolvido nas negociações.
Além disso, diz o executivo, o momento da compra foi ruim, às vésperas da crise. Os tratamentos parcelados da Imbra teriam sofrido a concorrência de outros negócios envolvendo crédito, só que ligados ao consumo, como eletrodomésticos e carros, com vendas incentivadas pelo governo.
Além da Imbra, outras duas empresas tentam consolidar o mercado de tratamentos dentários. A OdontoPrev, empresa de planos odontológicos associada ao Bradesco, e a Sorridents, que trabalha em regime de franquias.
O comprador da Imbra, o grupo Arbeit, tem investimentos em vários setores da economia. Controlado por Márcio Nishigaki, o Arbeit (trabalho, em alemão) é dono de oito pequenas hidrelétricas (PCHs) em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, e constrói galpões, centros e distribuição e fábricas para grandes empresas. O grupo também é dono de uma empresa de bebidas, que fabrica a groselha Milani e os sucos Maraú, e da AviaServ, empresa de serviço de solo para empresas aéreas. A Arbeit negocia a compra dos 22% de ações restantes em mãos dos sócios fundadores da Imbra.
Com a venda da Imbra, o fundo V da GP agora só tem investimentos na empresa de prestação de serviços da área de petróleo, San Antonio, de US$ 102,6 milhões (o fundo IV já havia investido US$ 179 milhões).
Nenhum comentário:
Postar um comentário